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Outros eventos em Barreiras

Pint of Science Barreiras dia 13 de Maio

13 mai. Portas abrem as 18:30. Eventos começam as 19:30. Previsão de encerramento: 22:00.
Restaurante Bar Chef Ely, Rua nova Olinda número 422 vila Dulce , Barreiras, Ba 47806254
 

 

“Quem nasceu para Fast Food nunca será acarajé”: Por uma nutrição decolonial e afrocentrada.

Débora Cruz Porcino (Professora Nutrição Universidade Federal do Oeste da Bahia- UFOB)
Sobre a Convidada:

Eu amo a água pura e fresca ou uma boa água de coco. Há momentos de celebrar uma caipirinha, caipiroska, gosto de variar as frutas usadas no preparo... e há outros em que uma taça de vinho cai bem!
Contudo, a bebida para mim tem um papel secundário. Ao sentar à mesa, meu interesse é na comida! Por isso desenvolvo estudos sobre a comensalidade, que engloba o papel da comida, seus sabores, origens, modo de preparo, cultura, economia, política e as relações sociais no entorno do comer. Para a minha comensalidade, o sagrado e mais apreciado é o acarajé e demais comidas baianas que levem azeite de dendê. A bebida é mero acompanhamento. Há quem diga que o combo do acarajé inclui uma coca cola ou cerveja bem gelada… mas esse papo de combo fica pra outro dia, afinal: “quem nasceu pra Fast Food nunca será acarajé!”

Tema da Conversa:

Ao contar a história de um povo ou de toda a humanidade é difícil separá-la da história da sua alimentação. A minha humanidade é marcada pelo meu nascimento e criação na cidade de Salvador Bahia, onde também me graduei em nutrição e desenvolvi estudos sobre os aspectos antropológicos, heranças culturais e raciais do povo negro para a criação da identidade alimentar dessa capital e da Bahia. Nesses estudos, o acarajé aparece como um grande símbolo que possui marcadores de religiosidade, apelo gustativo (como é saboroso!), econômico, dentre outros. Considerar o estudo dos aspectos socioculturais entorno da chamada “comida baiana” é um ato político, intelectual e subversivo nas ciências da nutrição, uma área tão marcada pela vilanização desses alimentos. Partindo do pressuposto que é comida não é apenas veículos de nutrientes, essa palestra te convida a pensar o papel da comida como cultura. “Você já foi à Bahia, Nega? Não? Então vá!”
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" Dona Isabel, que história é essa de ter feito abolição? Abolição para quem?”

Ari Fernandes Santos Nogueira (TAE Universidade Federal do Oeste da Bahia - UFOB)
Sobre o Convidado:

Filho das matas ciliares das águas do oeste da Bahia e educado pela boemia do Vieirinha, alimentando minha fé afrocentrada na festa de Oxum e Yemanjá do Cais do Rio Grande e na romaria do Cantinho do Senhor dos Aflitos cresci descendo de bóia no Rio de Ondas e brincando de Nazaro ao fim de cada carnaval, onde, como bom filho de Ogum que sou, celebro a vida bebemorando a felicidade com amigos/as.
Minha afroidentidade barreirense é o que provoca minha práxis existencial na denúncia das relações etnicorraciais que mediam as questões socioeconômicas que configuram o Estado capitalista, sobretudo no que concerne à garantia da cidadania como direito universal. Busco compreender a relação racismo-capitalismo desde minha formação em Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia, bem como nas especializações em Pedagogia Social e Psicopedagogica Clínica e Institucional sempre demarcando o acesso à educação e à aprendizagem como direito universal negado ou negligenciado às pessoas que destoam do paradigma da igualdade eurocentrado, neurotípico e heterocisnormativo. Nessa tarefa, tomando o racismo como categoria de análise, venho colocando em debate a democracia formal e/ou fetichização da democracia ao estudar privilégios hegemônicos desde o mestrado até o presente momento dos estudos de doutoramento. Assim, hoje me defino como um ser de existência política, um pesquisador preto, nordestino do Oeste da Bahia.

Tema da conversa:

E se alguém colocasse a questão de que talvez a tal lei de ouro tivesse objetivos liberais capitalistas de opressão e não de liberdade? Afinal, para os/as liberais “somos livres para vender nossa força de trabalho”, mas e aqueles/as que são incluídos/as nessa ideia de liberdade formal sem ter a aceitação de quem detém o poder de compra de sua força de trabalho? Que inclusão é essa? Que força de trabalho tem para vender aquele/a que não tem onde morar ou o que comer? E, mais, como fica o acesso a emprego e renda das pessoas que compõem uma classe social cuja história é mediada pela negação do acesso a direitos mínimos e à cidadania, como acesso à educação e saúde?
Vamos colocar essas questões em cena ao discutirmos o que significa materialmente o 13 de maio no contexto de uma sociedade cada vez mais financeirizada e plataformizada. Nosso papo será sobre a totalidade histórica do racismo como sistema estruturante do capitalismo à brasileira. Vamos conversar?
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