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Pint of Science terá mesas redondas com cientistas e influenciadores na Semana da Independência
Nomes como Iberê Thenório (Manual do Mundo) e Filipe Figueiredo (Nerdologia) debatem com pesquisadores nacionais. Manifesto “Investimento ou morte” defende a retomada dos investimentos na pesquisa nacional.
A Semana da Independência terá o tom de manifesto no Pint of Science Brasil, que acontece nos dias 8, 9 e 10 de setembro, sempre após às 20h, no formato online, no canal do Pint Brasil no Youtube. Com o manifesto “Investimento ou morte”, o evento defende a volta dos recursos à pesquisa nacional. Também estão previstas ações nas redes sociais.
Entre os participantes, o jornalista Iberê Thenório, fundador e produtor do canal Manual do Mundo, que tem quase 14 milhões de inscritos no Youtube, vai falar sobre o papel da divulgação científica nesses tempos em que a ciência anda tão desvalorizada.
“Devemos focar no público médio, que é a maioria, porque os negacionistas dificilmente serão convencidos. A gente critica movimentos como o anti-vacinas, mas não explicamos às pessoas como funcionam as vacinas”, afirma o youtuber.
Iberê participa da segunda noite de debate, na mesa redonda “Quem tem medo da vacina chinesa? Os movimentos anticiência em tempos de pandemia”, junto com o presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, o pós-doutor em Imunologia Ricardo Gazzinelli, que vai falar sobre a evolução da desconfiança em relação às vacinas e a perspectiva de criação de uma vacina eficaz contra a covid-19.
Quem também participa desta edição do Pint Online é o historiador Filipe Figueiredo, apresentador do podcast Xadrez Verbal e produtor do conteúdo de história do Nerdologia, canal com quase 3 milhões de seguidores no Youtube. Ele fará a contextualização histórica e internacional sobre os investimentos em ciência na mesa-redonda “Investimento ou morte! O apoio à ciência vai pintar o retrato de nossa história”.
Divide a mesa com Filipe a pós-doutora em Ciências Biológicas Helena Bonciani Nader, vice-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABC), ex-presidente da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), e reconhecida por sua atuação no cenário da ciência e da educação no Brasil, sendo vencedora de várias homenagens como o título de Comendador e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
A programação traz ainda o debate “Ciência verde amarela: o orgulho da pesquisa tupiniquim aqui e lá fora”, sobre a valorização da ciência brasileira. “Quando tivemos o surto de zika no Brasil, em 2015, foi um grupo de cientistas brasileiros que demonstrou a capacidade do vírus causar microcefalia”, exemplifica a presidente do Instituto Questão de Ciência, a microbiologista Natália Pasternak, convidada da noite. “É um grupo também de cientistas brasileiros que está desenvolvendo a vacina contra a dengue e outras formas de combater doenças transmitida pelo Aedes aegypti, como por exemplo, a produção de mosquitos transgênicos.”
A mesa redonda vai mostrar as principais pesquisas nacionais e as consequências da ausência de avanços científicos e tecnológicos no País. O presidente da Sociedade Brasileira de Microbiologia, o pós-doutor em biologia molecular Gustavo Henrique Goldman, vai avaliar a situação das Fundações de Amparo à Pesquisa. Ele é o coordenador do tema junto ao CNPq.
Além da edição nacional, o Pint Brasil Online terá a participação de 73 cidades de todas as cinco regiões do País, com eventos locais nos três dias, sempre até as 20h, quando começa a programação nacional. O Pint of Science é um evento mundial de divulgação científica em bares e restaurantes que, este ano, terá apenas a versão online.
O Brasil é o país com o maior número de participantes em todo o mundo: inicialmente, 183 cidades estavam confirmadas para realizar o festival presencial, que seria em maio, mas foi cancelado por conta da pandemia da covid-19. No total, 11 países participam do Pint Online.
Contato: Murilo Alves Pereira, coordenador nacional de comunicação do Pint of Science Brasil: +55 45 99911 2380.
Serviço
O que: Pint of Science Brasil Online - mesas redondas com pesquisadores e divulgadores da ciência.
Quando: 8, 9 e 10 de setembro, após às 20h.
Onde: Canal do Pint of Science Brasil no Youtube:
https://www.youtube.com/channel/UCEq25HBY940kEE497ob83Pw
OBS: Os eventos das cidades também acontecem em um único canal:
Fotos: https://drive.google.com/drive/folders/1OE3iaGP7eqx1hcL47C6si2GUFgWvVyWv?usp=sharing
Programação Pint Brasil:
Terça-feira, 8 de setembro
Investimento ou morte! O apoio à ciência vai pintar o retrato de nossa história
Participantes:
Helena Nader, Academia Brasileira de Ciência
Filipe Figueiredo, Nerdologia e Xadrez Verbal
Link: https://youtu.be/fZWk2o0jupE
Quarta, 9 de setembro
Quem tem medo da vacina chinesa? Os movimentos anticiência em tempo de pandemia
Participantes:
Ricardo Gazzinelli, Sociedade Brasileira de Imunologia
Iberê Thenório, Manual do Mundo
Link: https://youtu.be/Ngpf6-qkbik
Quinta, 10 de setembro
Ciência verde e amarela: o orgulho da pesquisa tupiniquim aqui e lá fora
Participantes:
Gustavo Goldman, Sociedade Brasileira de Microbiologia
Natália Pasternak, Instituto Questão de Ciência
Link: https://youtu.be/FDazieLlNgg
MANIFESTO
O Pint of Science Brasil defende o manifesto “Investimento ou morte” pelo fim dos cortes e contingenciamento de recursos nas áreas de pesquisa e desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação. Durante o evento, serão divulgadas nas redes sociais as hashtags #InvestimentoOuMorte #CienciaBrasileira #EuDefendoACiencia. O texto é de autoria do Pint Brasil e terá a assinatura de algumas entidades ainda a confirmar. Confira o manifesto:
Investimento ou morte!
Neste 7 de setembro, o povo brasileiro se enche de orgulho e certo patriotismo para celebrar o Grito da Independência, momento simbólico quando, há quase dois séculos, D. Pedro I bradou “Independência ou morte”, às margens do Rio Ipiranga. Nos dias de hoje, a cena registrada em pinceladas ufanistas no quadro de Pedro Américo merece uma atualização mais realista e, de fato, patriótica.
“Investimento ou morte!” é o grito de alerta da ciência brasileira para que os recursos financeiros cheguem aos laboratórios de pesquisa. Sem que a ciência seja encarada como um projeto de Estado, nunca deixaremos a pecha de país colonial. Sem que o País financie pesquisa e desenvolvimento, teremos pouco a celebrar nesta Semana da Pátria.
Foram investimentos em pesquisas que possibilitaram avanços imprescindíveis, desde o combate a doenças tropicais até a exploração de petróleo em águas profundas. Será a valorização de nossas instituições científicas, como a Fiocruz, por exemplo, que dará protagonismo ao País na busca pela vacina da covid-19, para sairmos da maior crise mundial de saúde de nossa história.
Nos últimos anos, entretanto, os governos brasileiros têm agido na contramão do que praticam os países desenvolvidos. Segundo dados do Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação, de 2018, o Brasil investiu, em 2017, menos de 1,3% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, enquanto as nações mais desenvolvidas destinam em média 3%, chegando a 4,5% do PIB, no caso da Coreia do Sul.
O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), que teve um orçamento da ordem de R$ 8 bilhões em 2013, conta, hoje, com R$ 3,5 bilhões. No ano passado, 84 mil pesquisadores correram o risco de perder suas bolsas por falta de recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi necessária uma grande mobilização de entidades científicas e acadêmicas e da sociedade para pressionar o governo pela liberação do pagamento.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (FNDCT), que desde 1969 tem financiado o desenvolvimento científico e tecnológico do País, nos últimos tempos vê os recursos cada vez mais represados. Em 2020, o orçamento proposto pelo governo, e aprovado pelo Congresso Nacional, contingenciou em torno de 88% desse recurso. Dos R$ 4,7 bilhões arrecadados pelo fundo, apenas R$ 600 milhões foram investidos, de fato, em ciência, tecnologia e inovação.
Na área da educação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), órgão vinculado ao Ministério da Educação e responsável pelas bolsas de pós-graduação, que viu os recursos crescerem até R$ 7,4 bilhões, em 2015, hoje tem valores de R$ 3,2 bilhões, o mesmo patamar de uma década atrás. Um levantamento recente do site G1 também aponta uma redução de 73%, nos últimos 10 anos, da verba repassada para universidades e institutos federais investirem em infraestrutura. A quantia de R$ 2,78 bilhões em 2010 caiu para R$ 790 milhões em 2019.
Cortes orçamentários paralisam centenas de pesquisas nacionais em andamento, desperdiçando tempo e recursos já investidos em insumos e treinamento dos pesquisadores, desestimulando que os cientistas mantenham suas pesquisas no País e, finalmente, colocando em risco a sobrevivência da própria ciência brasileira. Em tempos de pandemia, a falta de investimento nos impede de desenvolver soluções dentro do País e nos condenam ao final da fila da imunização da covid-19, adiando a retomada da economia e agravando a crise social.
Por isso, nestes tempos bicudos, será a ciência brasileira que sustentará um genuíno projeto nacional. São ações como a retomada dos investimentos, a recuperação dos laboratórios de pesquisa, a reversão do processo de desindustrialização nacional, a mudança do perfil de nossa economia - com investimento em energia renovável e com o uso sustentável de nossa biodiversidade - que vão proporcionar o desenvolvimento nacional.
Não bastará o discurso patriótico sem a proteção de nossos recursos naturais, sem o fomento da pesquisa e sem a valorização profissional de nossos cientistas em instituições fortes e autônomas. Devemos buscar motivos reais para celebrar a Semana da Pátria, sem aceitar cenas idealizadas por pintores do passado, que não guardam conexão com a realidade. Só com a defesa concreta da ciência no presente poderemos nos orgulhar e legar ao futuro uma história que valha ser retratada.