Mamãe é cientista

Por pelo menos 400 anos, as mulheres foram excluídas dos espaços de produção de conhecimento no Brasil. Agora, mesmo ocupando de forma majoritária as universidades, continuam enfrentando inúmeros desafios, especialmente mulheres-mães, da classe trabalhadora e racializadas. Desafiando velhos paradigmas, como bruxas da contemporaneidade, hoje reivindicamos nosso lugar de sujeitas, rejeitando a posição histórica que fomos colocadas, através da construção de conhecimentos outros e da perspectiva de uma ciência decolonial.

Conciliar êxito na vida profissional sem deixar de lado a vida pessoal, um dos maiores desafios de um profissional de sucesso. Será que é mesmo assim? E quando colocamos a maternidade e a ciência, parece que o problema aumenta muito mais. Que história é essa de vida pessoal e profissional? Temos uma vida somente e aí precisamos parar de reproduzir essa fantasia de que temos duas vidas. E que pausas, às vezes, são necessárias e devem ser reconhecidas principalmente quando estamos falando de maternidade, afinal cuidar de outro ser humano = PhD intensivo de habilidades interpessoais!

O caminho que antes parecia solitário foi me conectando com grandes mulheres pesquisadoras — aquelas que me inspiravam de longe, como protagonistas de contos de super-heroínas. Com o tempo, descobri mais e mais mulheres no caminho, preenchendo gradualmente diferentes "versões" femininas nos espaços acadêmicos e científicos. A maternidade na universidade é uma bandeira de luta que defendo com fervor — não buscamos ser as poucas, as escolhidas, as guerreiras, as sobreviventes... queremos um espaço para acolher a diversidade de características que trazemos para o mundo!