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Quando, onde, como e por quê acontecem as Auroras Boreais? Você
sabe?

As Auroras Boreais estão entre os fenômenos atmosféricos mais belos da Terra. Quem nunca viu uma Aurora de perto, provavelmente já sonhou em ver. Se você está entre essas pessoas, não podemos realizar seu sonho, mas vamos responder tudo o que você sempre quis saber sobre as Auroras.

Antes de mais nada, precisamos saber que a palavra AURORA, refere-se originalmente, apenas àquela claridade que precede o nascer do sol no horizonte. Aquele fenômeno maravilhoso, em que luzes brilhantes e coloridas são vistas no céu, recebe o nome de Aurora Polar. Quando o fenômeno se dá próximo ao polo Norte, é uma Aurora Boreal e, quando ocorre próximo ao polo Sul, é uma Aurora Austral. Tudo está relacionado às tempestades eletromagnéticas emitidas pelo Sol, a 150 milhões de quilômetros de distância. É assim que acontece:

Nosso sol é uma imensa usina termonuclear, que produz quantidades absurdas de luz e calor o tempo todo. Enquanto a usina trabalha, enormes quantidades de energia se acumulam em seu interior. De vez em quando, e de forma completamente imprevisível, ocorrem explosões que emitem bolhas altamente energéticas em forma de gás ionizado (plasma) para fora da superfície solar, em todas as direções. Essas explosões liberam bilhões de toneladas de plasma, que viaja pelo espaço a uma velocidade aproximada de 800 mil quilômetros por hora. Como nós sabemos que a Terra fica a uma distância aproximada de 150 milhões de quilômetros do sol, quando vem em nossa direção, demora cerca de 18 horas para atingir o nosso planeta. A NASA mantém satélites na órbita da Terra, apontados para o sol para monitorar todas as atividades solares e nos avisar com antecedência quando uma aurora vai ocorrer e o governo dos Estados Unidos mantém uma página na Internet, em que podemos acessar todas essas informações.

Acontece que essas tempestades solares podem ocorrer com intensidades bem variadas. Existe uma escala para medir a intensidade da tempestade, que se chama Escala KP, que varia de Zero a 9, sendo zero a mais fraca e 9 a mais intensa. Quando o índice KP é muito elevado, esse plasma solar que atinge a Terra pode causar grandes transtornos para a humanidade. A tempestade solar mais forte que já foi registrada na história e que chegou a atingir a Terra, ficou conhecida como Evento Carrington, de 1859. Esse evento foi tão intenso, que linhas de transmissão de telégrafos na Europa e América do Norte entraram em pane e alguns telegrafistas chegaram a levar choques elétricos em seus aparelhos, durante suas transmissões. Um acontecimento desses hoje, certamente traria problemas muito maiores, devido à nossa atual dependência de dispositivos tecnológicos. Teria potencial para danificar satélites que orbitam a Terra e até derrubar linhas de transmissão de energia em solo. Estima-se que que uma tempestade solar dessa magnitude ocorra em média a cada 200 anos.

Para nossa sorte, a Terra possui um campo magnético que nos protege desse plasma ionizado que, ao atingir nosso planeta, é desviado em sua maior parte em direção aos polos. Radiações solares intensas e constantes poderiam causar sérios danos à nossa saúde.

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É assim que a ionosfera nos protege das radiações solares – imagem fora de escala

Essa radiação desviada em direção aos polos terrestres interage com a atmosfera terrestre e com o campo magnético da Terra, gerando o efeito maravilhoso das Auroras, transformando o que poderia ser uma catástrofe, em um belíssimo show de luzes.  Mas como a composição do plasma solar pode variar em sua composição, contendo quantidades levemente diferentes de átomos de Hidrogênio, Oxigênio, Hélio, etc., também as cores das Auroras podem ser variadas, assim como a intensidade de seu brilho no céu.

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Aurora austral registrada em Lakes Entrance, Victoria, Austrália.

Auroras Boreais e Austrais são fenômenos difíceis de serem estudados por ocorrerem nas camadas mais altas da nossa atmosfera – a ionosfera, que começa cerca de 80 km acima da superfície da Terra (distância aproximada entre Florianópolis e Balneário Camboriú por exemplo) e pode ser estender por até 600 km (equivalente a distância entre a capital paulista e a capital mineira).

Ao contrário do que as pessoas acreditam, as Auroras Boreais não são mais frequentes, nem mais intensas e nem mais belas do que as Auroras Austrais. Ambas ocorrem em baixas latitudes próximas aos polos, mas as Boreais ocorrem em áreas mais populosas e de acesso mais fácil como Canadá, Rússia e países Nórdicos, daí o fato de serem mais populares. Se você mora no hemisfério Sul, suas opções ficam muito mais reduzidas. Os melhores pontos para se caçar uma Aurora Austral são a Ilha Stewart, ao sul da Nova Zelândia e em Ushuaia, também conhecida como “Fim do Mundo”, cidade mais Austral das Américas.

Infelizmente, esse espetáculo da natureza ocorre muito distante de nós e só conseguimos ser avisados com algumas horas de antecedência, o que quase impossibilita ver o show de perto, mesmo para aqueles que têm condições financeiras de fazer a viagem até as proximidades dos polos terrestres. Assim, nos resta admirar os registros feitos por fotógrafos mais afortunados que nos trazem essas deslumbrantes imagens e nos fazem sonhar com essas belezas naturais.

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Este artigo foi escrito por Roger Bonsaver, membro da Rede Brasileira de Jornalistas e Divulgadores de Ciências (RedeComCiência), editor da página Space Today e voluntário no Observatório Astronômico de Diadema.

A Equipe do Blog do Pint of Science deseja a todos os pesquisadores e pesquisadoras, um Feliz Dia Nacional da Ciência!

Fontes e leituras para saber mais sobre:

A Física envolvida nas Auroras
https://brasilescola.uol.com.br/fisica/fisica-das-auroras-polares.htm

Um novo tipo de Aurora foi descoberto
https://canaltech.com.br/espaco/novo-tipo-de-aurora-descoberto-por-fotografos-amadores-
e-apelidado-de-as-dunas-159724/

https://www.swpc.noaa.gov/