Talvez você tenha notado que há uma nova aba no site, “Produtos”. Agora você pode comprar um pint do Pint! É a cerveja “Origem das Espécies”, uma “Wild Ale” exclusiva e de lote único! 

           "Origem das Espécies" é uma cerveja elaborada por cientistas, em uma lata de 473mL (a medida de um pint) com arte em homenagem à Bertha Lutz e nome em homenagem ao livro de Charles Darwin. O primeiro post do blog foi sobre Bertha, cientista, educadora e feminista brasileira que lutou pelo direito do voto! Feita com leveduras isoladas em colmeias brasileiras em uma parceria entre o Luiz Gustavo, coordenador do Pint of Science Brasil, Ana Carolina Carvalho ou “Carola” que é biotecnóloga (já escreveu para o blog aqui e aqui) e cervejeira, e Guilherme Macedo, então mestre cervejeiro da Cervejaria Nacional. 

Aproveitamos a ocasião para contar um pouco da história da cerveja, não da nossa, isso vem em breve em uma entrevista exclusiva com a Carola, mas da cerveja como bebida.

            Há algumas evidências que o homem já misturava cevada e água na pré-história, em grandes tanques de pedra, e se reunia em topos de montanha para tomar uma. Há registros de 3200 a.C na Mesopotâmia (atual Iraque) usando cevada ou cerveja como forma de pagamento. Nessa época, os mesopotâmios tinham inclusive uma deusa da cerveja, Ninkasi. Já nessa época, a cerveja podia ser saborizada com mel, castanhas, frutas e até misturada com vinho. Se você um dia fizer uma viagem no tempo procurando um “bar” sumério, encontraria uma construção de teto baixo e com cheiro de malte e cevada. A cerveja era feita ali, nos fundos da taberna. Como era considerada uma tarefa “doméstica”, recaía as mulheres, de forma que as tabernas pertenciam a mulheres, as taberneiras. Um benefício da cerveja na Antiguidade (e citado também na Idade Média), é que a produção do álcool durante a fermentação acaba com uma série de microrganismos.

             Outros povos também mantinham uma relação com o álcool. Você poderia, por exemplo, trabalhar na construção de pirâmides no Egito Antigo e ter parte do pagamento em cerveja! Ao que parece, egípcios bebiam muito, tanto cerveja quanto vinho, de forma que há representações não apenas das bebedeiras, mas também do vômito após beber demais. Ao que parece, beber em excesso era não apenas comum mas bem visto, era uma forma de aproveitar e celebrar os deuses. A bebida no Egito Antigo era servida em jarras e bebida com canudinhos, assim você evita os pedaços desse mingau fermentado que era a mistura de cevada e água. 

 

Beer, the most popular drink in ancient Egypt Getting Wasted in Ancient Egypt

Imagem 1, casal bebendo de uma jarra com canudinho.  Imagem 2, moça vomitando enquanto outra moça presta suporte. 

                        Em um avanço em nossa linha do tempo, chegamos aos anos 1000 em um “salão do hidromel” nórdico. Apesar do nome, a bebida mais comum entre os vikings era cerveja, escura, maltada e mais importante: barata. Eles possuíam hidromel, claro, mas esse era reservado a ocasiões especiais. O vinho só chegava importado, de outras áreas da Europa, onde o solo era fértil para o cultivo das vinhas. Fazer cerveja veja bem, sempre foi mais simples, fácil e rápido. Skål (palavra que os vikings usavam ao brindar, a pronúncia é Skol!)

            Mais um pouco a frente no tempo, vamos começar a traçar a história dos pubs, no fim da era medieval. Aqui, “taberna” na verdade era um local para pessoas de maior poder aquisitivo tomarem vinho. A ideia fantasiosa que temos de tabernas eram, na verdade, as chamadas “Alehouses” ou Casas da Cerveja, as primeiras cervejarias de fato. Mas não confunda com a ideia de pubs ainda! A cerveja era algo muito comum e popular, as pessoas levavam cerveja ao trabalho e a igreja, homens e mulheres bebiam em casa e em todo o lugar. Novamente, o processo de fazer a cerveja era das mulheres, que preparavam a bebida em casa enquanto os homens saiam para os campos. Quando produziam mais do que a família necessitava, colocavam a porção sobressalente para venda. As donas de casa medievais colocavam um barril do lado de fora, e as pessoas levavam as próprias garrafas e suas moedas. Foi lá pelo século XIV que os consumidores dessa cerveja caseira foram adentrando a cozinha, e os pubs nasciam. Demorou alguns séculos de bebedeira para o lúpulo entrar na receita, tal qual a cerveja moderna, e a Inglaterra provavelmente foi o último local a aderir a receita. O lúpulo aumentou consideravelmente o tempo de duração da cerveja, que antes estragava em dois ou três dias, e agora podia permanecer em um barril selado por até um ano!

            Depois de toda essa história, é decepcionante que na atualidade há quem diga que “cerveja não é coisa de mulher”!

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Fonte:

 Forsyth, Mark; Uma Breve História da Bebedeira, 1ª edição, Companhia das Letras, 2018.

Imagem 1: https://historicaleve.com/beer-in-ancient-egypt/ 

Imagem 2: Fonte: http://www.touregypt.net/featurestories/drunk.htm