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Em 2020, já foram registrados mais de 200 focos de queimadas no Amazonas, número superior ao mesmo período nos últimos anos. Mas antes de falarmos sobre o presente, que tal visitarmos nosso recente passado?

Em 2019, o mundo presenciou duas tragédias na biodiversidade da Austrália e Brasil pela mesma causa: as queimadas. Mas isto ocorre por influências naturais? Quanto o ser humano interfere negativamente?

No Brasil, o foco dos incêndios se deu em um bioma com uma vegetação não adaptada a presença de fogos: a Floresta Amazônica. As árvores são altas, troncos pouco espessos e a umidade elevada, ou seja, não é fácil esta floresta pegar fogo e muito menos se alastrar na intensidade que ocorreu neste ano. Portanto, não há nada de natural nessa queimada, o que sobra para nós, de modo indireto e deliberadamente deflagradas, de forma ilegal e direta, os madeireiros e grileiros como principais destruidores dessa beleza cênica que é a Floresta Amazônica. 

Fires in Para, Brazil

Imagem do Pará, fonte: NASA Earth Observatory.

A quantidade de focos de incêndio registrados na Amazônia em 2019 é uma das maiores dos últimos anos. De janeiro a 20 de agosto do ano passado, o número de queimadas na região foi 145% superior ao registrado no mesmo período de 2018. E as altas taxas de alerta de desmatamento estão ligadas à incidência de fogo, que é uma das principais ferramentas usadas para desmatar. Um em cada três focos de queimadas registrados em 2019 sucederam o corte de áreas de floresta, pois historicamente na Amazônia, o uso do fogo é um dos estágios finais do desmatamento após o corte raso da floresta. Qual o principal motivo do desmatamento? E porque nós indiretamente fazemos parte disso? Desmata-se para a plantação de soja, para que o gado se alimente e depois vá parar nos supermercados para que possamos consumir a carne bovina. Ou seja, a maioria das pessoas também contribui para o fogaréu.

As queimadas e as mudanças climáticas operam em um ciclo: quanto mais queimadas, mais emissões de gases de efeito estufa e quanto mais o planeta aquece, maior será a frequência de eventos extremos, tais como as grandes secas que passaram a ser recorrentes na Amazônia. 

Nós também sabemos que árvores amazônicas morrem, tanto do fogo como do estresse hídrico (condições quentes e secas). Para além das emissões de gás, a água reciclada pela floresta fornece chuva que mantém as condições climáticas apropriadas para floresta tropical, especialmente durante a estação seca. E o que nós precisamos entender é que fazemos parte da natureza, então quando ela é prejudicada, nós seremos afetados tanto na agricultura quanto na saúde humana.

Já quando pensamos na Austrália, observamos que ela possui um clima com grande oscilação de temperaturas. Nesta região predomina a aridez, a qual classifica sua vegetação principal como savana temperada. As savanas são um tipo de vegetação adaptada ao fogo, apresentando troncos espessos e arbustos tortuosos, ou seja, a condição de incêndio florestal é comum nesta região.

Fires in Southeastern Australia

Imagem do sudeste da Austrália, fonte NASA Earth Observatory.

No entanto, em setembro de 2019, a Austrália apresentou uma seca extrema na primavera que permaneceu com a chegada do verão, provocando um aumento de temperatura alarmante, atingindo 43,3°C (em Canberra) e 48,8°C (na região metropolitana de Sydney). Esta situação ocasionou inúmeros focos de incêndios destruindo milhões de hectares, matando aproximadamente meio bilhão de animais e 24 pessoas nas regiões das costas leste e sul, que é onde vive a maioria das pessoas na Austrália.

A principal causa deste incêndio em escala nunca antes vista são as mudanças climáticas, especificamente um fenômeno conhecido como Dipolo Positivo do Oceano Índico (ou também como El Niño índico, que causa um período de mais calor e seca). Mas apenas este fenômeno não é capaz de causar essa situação devastadora. A causa indireta é a intensa emissão de gás carbônico pela Austrália, que contribuiu para a retenção de calor na atmosfera, aumento da temperatura e consequentes incêndios catastróficos. 

Depois disso tudo, o que concluímos é que nós, seres humanos, somos de fato os maiores causadores destes desastres ambientais. Então, temos que fazer o máximo para reduzir esse impacto negativo na natureza. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais disponibiliza online e gratuitamente um teste da “pegada ecológica”, uma maneira de medir o “quão sustentável” é a nossa maneira de viver baseando-se nos nossos hábitos de consumo, reciclagem, entre outros. Nós convivemos e vivemos da Natureza, precisamos que cada um possa ajudar um pouco nessa batalha diária. E você, o que faz para ajudar?

 

Esse texto foi escrito pela Victória Rosseti, que é bióloga formada pela Universidade Federal de Uberlândia. A Victória ama cuidar dos animais marinhos, e por isso fez estágio no Aquário de Ubatuba, Instituto Argonauta, Projeto Tamar, AQUASIS, PCCB e Ecoassociados. Mas também sempre foi apaixonada por todas as áreas da biologia, então adora estudar sobre a vida. Além disso, ela sabe que a educação é um direito e deve ser acessível a todos, e ajudar a transmitir conhecimento faz parte de seus amores.

Para ler mais:

Para testar a pegada ecológica > http://www.suapegadaecologica.com.br/ (site do INPE) ou em http://www.pegadaecologica.org.br/2015/pegada.php

Quer reciclar e não sabe como? Para residentes em São Paulo, você pode descobrir quando passa a Coleta Seletiva da Prefeitura, e mais alguns dados sobre acesse: https://www3.prefeitura.sp.gov.br/limpeza_urbana/FormsPublic/LimpezaRua.aspx 

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2020/03/04/numero-de-queimadas-nos-dois-primeiros-meses-de-2020-e-maior-dos-ultimos-3-anos.ghtml

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/amazonia-sob-ataque-queimadas-tem-aumento-de-145-em-2019/?gclid=Cj0KCQiApaXxBRDNARIsAGFdaB_xmlkjrxXLS8J0YvYfb_Gj2l5m0DsddsI7Arko0reyt3E_M7kYBdUaAgMXEALw_wcB

https://www.wwf.org.br/?72843/amazonia-um-em-tres-queimadas-tem-relacao-com-desmatamento

https://www.dw.com/pt-br/novos-focos-de-inc%C3%AAndio-na-austr%C3%A1lia/a-51888367

https://www.geografiaopinativa.com.br/2013/09/geografia-da-australia-relevo.html

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51011488

https://www.dw.com/pt-br/novos-focos-de-inc%C3%AAndio-na-austr%C3%A1lia/a-51888367