...

Os protagonistas de vídeos fofos da internet possuem uma erva com efeitos especiais: o catnip, ou erva do gato, capaz de adoçar felinos dóceis e estimular os mais parados. O que é que tem nessa erva?

             Prima da hortelã, a Nepeta cataria ou catnip, assim como sua similar vinha de prata (Actinidia polygama) sempre despertou interesse de veterinários, pesquisadores do comportamento e petshops. Mas até o momento, como e por que esse efeito ocorria, era um mistério. A resposta chegou.

             Pesquisadores da Universidade Iwate fizeram um complexo estudo sobre a erva do gato. Primeiro, isolaram os componentes que geram a “êxtase” felina: nepelactona na catnip e nepelactol na vinha prata, ambos são iridoides. Então, colocaram o composto puro, em uma quantidade equivalente a dez folhas em pedaços de papel e apresentaram aos gatos, mas também a cães e roedores, e viram que a erva do gato não é capaz de afetar roedores ou cães.  Entre 80 e 75% dos gatos domésticos interagem com a catnip! A planta "valeriana" também possui doses baixas de nepelactona, mas não foi testada neste estudo. 

 

Cole and Marmalade Adorably Demonstrate Exactly Why Some Cats Really Love  Catnip

Fonte: Laughing squid. Oferecer essas ervas para o gato, é chamado de "enriquecimento olfatório", e pode ser seca ou fresca.

             Então, os cientistas foram atrás dos mecanismos de ação da planta, e constataram aumento das beta-endorfinas, substâncias que geram bem-estar e alívio de incômodos, após a exposição dos gatos a erva! Essas beta-endorfinas tem alvos no cérebro chamados de “sistema opioide endógeno”, chamado assim pro ser o sistema em que drogas como o ópio e derivados (morfina, heroína etc) agem, mas endógeno por ter suas versões próprias e naturais: as endorfinas. E é nesse sistema que a erva do gato age, gerando calma para alguns gatos e agito para outros. 

            Mas pode ficar tranquilo: essa estimulação dos opioides "naturais" ou seja, endógenos, não é capaz de gerar problemas como a feita pelos opioides que vem de fora. E pode ser que os gatos nem tenham começado a se esfregar nas plantas pela “brisa”. Essas mesmas substâncias que geram o bem-estar, nepelactona e nepelactol, são também repelentes de mosquitos! Ou seja, a hipótese principal é que o comportamento dos gatos de se esfregarem nessas plantas tinha como função afastar pernilongos e mosquitos, e acabou tendo como bônus os efeitos de relaxar e estimular a brincarem. Alguns gatos, mais sensíveis aos iridoides, podem também gostar do aroma de azeitonas, que possuem isoprenoide. Entretanto, devido ao caroço e risco de engasgar-se e ao alto teor de sódio, melhor ficar só na erva!

            Talvez você esteja se perguntando, mas e os gatos “grandes”? Testaram a substância com um leopardo, dois linces e dois jaguares. E sim, funciona! Com menos rigor científico talvez, o santuário de felinos resgatados, “Big cat rescue” também apresenta seus dados nesse vídeo!

Curtiu? Compartilhe!

 Referências:

https://www.sciencemag.org/news/2021/01/why-cats-are-crazy-catnip?utm_source=Nature+Briefing&utm_campaign=ff2b4a1cd3-briefing-dy-20210121&utm_medium=email&utm_term=0_c9dfd39373-ff2b4a1cd3-44809409

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28302120/